sábado, 16 de março de 2013

/ sem certezas do fim

As histórias não são pintadas a preto e branco e os tons intermédios fazem com que as certezas se tornem incertas. E o que hj nos parece o fim, amanhã poderá ser só um impasse narrativo. Para isso contribuem os olhares k s perdem e encontram, os pequenos toques que pedem pra s prolongar, os cheiros que nos fazem viajar para o passado acendendo de novo aquela chama esquecida. E o fim, então, ganha continuação.

/ ulisses


Bom dia mundo. Bom dia "eu".
Hj sinto-me Ulisses no final do seu caminho. Mas não quero que o caminho chegue ao fim. Preciso perder-me de novo, enfrentar mais medos e virtudes. E esperar que Itaca permaneça no mesmo sítio e que uma Penélope só termine o vestido quando eu chegar. Quando estiver preparado para voltar. A solidão é um mal necessário para encontrarmos a paz connosco. O tempo da partilha virá. E essa Penélope saberá aguardar, refazendo todas as noites o que passa os dias a construir. Espero conhecê-la um dia, mas para isso tenho de me conhecer a mim.

/ sou fruto

Peço perdão à noite por erros que não cometi. Procuro conforto nos braços dos outros e nunca dentro de mim. Resisto à lágrima que tenta sair resisto às verdades pois as não quero sentir. Sou filho de um sonho que tende em não vir, sou fruto de um mal que não vai partir.

/dentro do armário

Tenho vontades e desejos que só a noite pode matar. A sede de luxúria esta a tomar conta de mim. Há uma necessidade louca de me tornar obsceno e depravado que não sei explicar. Sou oficialmente um tarado... Dentro do armário

/ do outro lado do espelho


Hoje olhei para o espelho e não me vi do outro lado. Tentei encontrar me escondido pelos limites daquela passagem, emoldurada, para o mundo melhor e não me encontrei. Do outro lado do espelho a vida deve merecer mais a pena, tanta que saltamos ao simples compromisso de nos encontrarmos connosco próprios. Quem sou eu para lutar por mim contra um país encantado? Quem sou eu contra rainhas e lebres de março?
Um dia olharei para o espelho e voltarei a ver-me, mas trarei o sorriso no rosto que hoje perdi.

/ e quando cai a máscara


Mas é quando a máscara cai que eu realmente apareço. Sedento de sangue e idolatraçao, com fome de beijos e carnes. Com ânsias de amores rápidos e fugazes. Quando a máscara cai o suor escorre pelos trilhos deixados, outrora, pelas lágrimas. E os soluços de dor dão lugar aos gritos de prazer.
Eis me aqui nu, despido de artifícios, vulgar, carnal e vil. Amém me, desejem me, ofereçam se a mim. Hoje sou Deus do prazer profano, hoje sou a sombra negra do desejo. Usem me que irei ficar agradecido. Amanhã o dia será de uma diferente escuridão. Solitária... Repleta de remorsos. E no meio do breu irei procurar, dedilhando no escuro dos restos da noite, a máscara que tirei e as lágrimas irão voltar aos seUS trilhos.

/sede de um fruto proibido

Primeiro os olhos prendem se, a respiração torna se mais profunda e mais pesada. O magnetismo não se pode controlar, os cheiros tornam se mais intensos e dou por mim com o olhar perdido naqueles gomos de carne rosados e tenho sede de os provar de um trago. Tenho vontade de os trincar e de os humedecer. Boca na boca. Td o corpo reage como um td. E tudo parece perfeito e uno, quando os dois corpos viram um naquele momento mágico em que as duas bocas se tocam. eu sei que não quero parar e que a noite é minha eu sei que ag é tb o corpo que beija, e a respiração acelera, e o pulsar do peito acelera e o sangue corre para onde é mais preciso e o corpo ganha nova forma; hirto firme rijo sedento... e a noite é só minha, é só nossa.