Era uma vez uma guitarra que tocava sempre baixinho.
Tocava baixinho com medo de acordar a saudade.
Tocava frases melódicas nunca antes ouvidas para não despertar as memórias; e tocava-as baixinho…
Baixinho..
Não fosse alguém recordar-se de uma nota e trazer de novo a tristeza ao bairro desta cidade.
Esta guitarra já não chorava, as cordas já não tinham lágrimas, secaram; não fossem essas lágrimas desencantar o sono da voz da fadista.
(se a fadista se lembrasse do que era o fado
as memórias, a saudade e a tristeza voltariam aquele bairro.)
Então a guitarra fingia-se alegre e tocava cantigas novas.
Sem memórias, sem saudade, sem história…
E tocava baixinho, para não acordar as lágrimas da cidade.
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