segunda-feira, 23 de junho de 2014

/vontades de cristal

Segui em frente guiado pelas estrelas. A lua não enchia a rua de azul mas sorria-me em modo crescente.
Segui em frente com um pensamento dormente... uma memória táctil de um futuro incerto dos lábios carente.
Perdi-me porém na solidão de uma multidão ao encontrar a praça replete das gentes... multidões em harmonia, companhias, palavras, sorrisos presentes... e em mim... o silêncio...
Olhei para o ...
alto e a lua já lá não estava e as estrelas pareciam ter perdido o brilho encaminhante de outrora.
Procurei um degrau, sentei-me e meditei...
Serei eu o fracasso? Um ser impotente... sem forma de alcançar os anseios e desejos?
Não... sou um mero caminhante, sim, um vagueante nocturno de falso sorriso... escondi a interrogação presente e encolhi o sal líquido que prometia cair-me do brilho dos olhos.
Ergui o olhar e depois o queixo, elevei-me em direção ao incerto e fui...

Procurei o verde líquido que tantas vezes me acalmara... ingeri-o de um trago. Nova rodada e um ligeiro tremor... senti-me bem, confiante, potente... ingeri curtos pedaços de reconforto seguidos de lima, antecedidos do sabor das lágrimas salgadas... inebriado caminhei por uma multidão de suor e cheiros... perdi-me nos seus movimentos cativantes, vi nos seus olhares convites... vi o que nunca vejo...
Esta noite voltei a sentir o poder nas minhas mãos, na minha mente, nos meus lábios.
Virei feiticeiro.
Encantei, fiz magia, iludi, provei o sabor de outros lábios, a respiração de outro ser, o cheiro de alguém mas não concluí as vontades, não terminei os actos, não atingi as finalidades... na verdade, nunca alcanço o verdadeiro destino...

E então fugi... sem saber quando terei oportunidade de voltar a experimentar esta magia novamente...

Fugi e para trás deixei o meu encanto de cristal, perdido nas escadas.
E no bater da hora zero tornei-me novamente eu e o cristal estalou pisado pela indiferença de um qualquer príncipe que nem sequer conheci...

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